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PARAHYBA    BRASIL    ABRIL   2024

Este é o nosso BLOG, onde você conhecerá um pouco do ARTISTA e da sua OBRA, navegando nos generosos DEPOIMENTOS sobre a minha trajetória durante esses 50 anos de ATIVIDADE ARTÍSTICA E EXPOSIÇÕES e também em inúmeras REPORTAGENS na mídia. Acompanhará os projetos que estou realizando agora: PARAHYBAVISTA; JOÃO & MARIA; FLORESTA ARDENTE QUEIMADAS. Poderá acessar nossa GALERIA VIRTUAL, me acompanhar no INSTAGRAM e visitar a MINHA CIDADE...

Respire fundo e vá mergulhando... Siga o blog e dê uma espiadinha nas novidades que publico. Sem pressa... Foram anos de trabalho meticuloso para chegar até aqui, pertinho de você...


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A ARTE PRIMEVA DA HUMANIDADE: XAMÃ - PINTURA E FÉ NA CAVERNA!

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

INVENTÁRIO DO IMAGINÁRIO

INVENTARIANDO

Consegui chegar à meia idade sem ser dono de nada - deu muito trabalho e diversão, mas consegui! Enfim, a herança que deixarei é imaterial e poderá ser compartilhada por todos: o meu legado é a minha trajetória de artista da Paraíba, o meu tesouro é o meu baú de memórias de uma vida muitíssimo bem vivida, estampadas nas obras que criei.
Por isso ando "inventariando" e catalogando, com muito trabalho e com extremos carinho e esmero o que consigo resgatar pelo túnel do tempo que percorri e pelo que ainda me resta atravessar nesta aventura fantástica que é viver... tudo isso para deixar para vocês, de graça, como um presente, .
Agora é deixar rolar... apertando cada uma dessas figurinhas para abrir as janelas lúdicas para que vocês possam levar seus sonhos para passear e, quem sabe, encontrar os meus...

Boa Viagem!


quarta-feira, 25 de outubro de 2017

A saúde do SUSto

SAÚDE À DERIVA


Em tratamento de dispneia grave, sintoma de doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema) ou câncer pulmonar, consegui requisições do meu oncologista do SUS para efetuar tomografias computadorizadas com contraste - uma do tórax e outra do pescoço, seios da face e órbita do olho (veja atestado médico e cópias das requisições mais embaixo. Fui na Unidade Médica das Praias protocolar as requisições para os referidos exames mas não foi possível, devido a utilização de contraste; depois de longa espera me mandaram para a secretaria municipal de saúde, protocolar lá um requerimento para o secretário municipal de saúde autorizar a realização dos exames - o que fiz de próprio punho (protocolo nº 19152, de 18/10/2017). Me informaram que o processo está na diretoria de regulação da secretaria e que eu seria chamado por uma ligação telefônica. Até agora nada. Liguei dia 24 e alegaram que estão fazendo licitação pública para aquisição do contraste (?!). Mandaram ligar mais tarde... Já tentei ligar para a diretoria de regulação e nada (3218 9882). 

Isso é um absurdo! Já fui operado de câncer de tireoide em 2012 e de pele em 2015 e sobrevivi; estou tratando uma neoplasia no olho direito e agora uma suspeita de câncer nos pulmões - que só tem chances mínimas de cura se detectado no início, pela tomografia com contraste. Atravesso uma fase de extrema dificuldade financeira, mas tenho ainda fé e forças para lutar pela vida - porém a incompetente burocracia e a má vontade dos gestores do SUS estressam mais que a doença.

Estou fazendo a minha parte: 2 meses sem fumar... sem usar adesivo, sem remédio para amenizar a crise de abstinência... apenas fazendo a minha parte com vontade.

Mas falta o SUS fazer a parte dele...

Caso a demora continue ou neguem a autorização para a realização dos exames, vou brigar na justiça pelos meus direitos.

Publico aqui este meu apelo pois na luta contra o câncer não há tempo a perder.


O ATESTADO MÉDICO E AS REQUISIÇÕES SUS NÃO ATENDIDAS
Um absurdo o desrespeito da secretaria municipal de saúde ao paciente e ao médico que requisitou os exames - afinal, um coordenador de oncologia de um hospital credenciado pelo SUS não merece respeito?







SUS: SEMPRE COM PROBLEMAS DE GESTÃO



Para o professor Paulo Hoff, titular de Oncologia e Radiologia da Faculdade de Medicina da USP, a questão dos problemas técnicos e da má distribuição é resultado de uma má gestão dos recursos financeiros. “Não tem justificativa. É obrigação do gestor local manter a estrutura e equipamentos adequados.”

Não sou eu que afirmo. Quem afirma são médicos, professores de medicina, técnicos de radiologia, Conselho Federal de Medicina, etc.

Onde a gestão é eficiente os problemas são resolvidos ou minimizados, mesmo com falta de recursos causada pelo corte de verbas e/ou desvios da corrupção - a maior parte dela dos próprios gestores. São incontáveis os casos de instalações hospitalares, equipamentos e outros itens entregues pelo governo federal e abandonados por má gestão dos gestores locais. Mas não se fala apenas de gestores locais, os federais e estaduais também têm culpa no cartório, por erros na implementação regional. Mas a administração direta dos serviços do SUS é responsabilidade do gestor local, todos sabemos disso. E maus tratos com usuários, falta de gentileza com os pacientes, arrogância dos funcionários, falta de higiene nas instalações não são causados por falta de verbas - pois bastaria boa vontade dos gestores e de seus recursos humanos. Então se o gestor direto não tem condições de cumprir com as suas responsabilidades impostas por lei que se demita ou renuncie ao cargo - no caso de prefeitos. Se fica no cargo e não resolve é cúmplice e merece ser punido. Se funciona bem ou mal a responsabilidade é do gestor sim.

“Não tem justificativa. É obrigação do gestor local manter a estrutura e equipamentos adequados.”





PAPO RETO SOBRE CÂNCER: SENTINDO NA PELE.

GESTÕES DA DEMAGOGIA!



Campanhas do governo para prevenção da doença são uma macabra gozação. Como prevenir-se dessa doença se os exames fundamentais para o diagnóstico precoce são negados ou muito tardiamente liberados? O câncer de pulmão, por exemplo, só tem chance de tratamento se for detectado precocemente, antes de se manifestar - o que só é possível com um caro exame de PET-SCAN (tomografia por emissão de positrons), que é dificultado e/ou negado pelos gestores do SUS (apesar de estar incorporado ao sistema, por lei e por portaria do Ministério da Saúde), e, se liberado por ordem judicial, já é tarde e a Inês é morta. E assim por diante, também nos procedimentos autorizados - como as tomografias de mama - e em todos os demais procedimentos de média e de alta complexidade - a demora é o principal vilão. A burocracia, a incompetência e a corrupção matam mais que a doença.

Chega de hipocrisia!

Parem de roubar e vão trabalhar!





OS PACIENTES DO SUS PRECISAM PERDER A PACIÊNCIA!

Já está mais que na hora dos gestores responsáveis pela péssima qualidade da saúde pública no Brasil (SUS) serem punidos e afastados - como manda a constituição brasileira e as leis ordinárias, notadamente a "lei do câncer". Chega de tantas desculpas esfarrapadas dessas impunes autoridades incompetentes e/ou corruptas.

Fila, mau atendimento, demora para marcação de exames e dificuldade de acesso a tratamentos são alguns dos problemas do SUS, mas há meios de enfrentá-los. O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) listou os principais órgãos para a solução das situações indesejadas pelas quais os usuários do SUS podem passar e, quando possível, os endereços que poderão ajudá-lo a localizar os responsáveis nos estados e municípios. Há inclusive modelos de cartas, representações ao Ministério Público e ações judiciais para facilitar a reivindicação do seu direito. 

O SUS não é caridade. O SUS é financiado pelos impostos que todos nós pagamos, através do ISS, ICMS, IPI, Cofins, etc.

Já passa da hora da população se organizar para combater, desmascarar e punir esses gestores incompetentes - e muitas vezes corruptos.





Acesse pelo link abaixo e fique por dentro:



segunda-feira, 2 de outubro de 2017

PORCARIA CONCEITUAL


Panorama da arte brasileira?!


Qualquer um pode querer ser um artista; mas a distância entre o querer e o ser é grande...




Performance "La Bête": botar um cara nu, ao vivo e a cores, com o furico e a bilola de fora no meio de um salão de um museu como o MAM*, dentro da programação de importante evento, para um bando de babacas ficarem tocando e apreciando. Para certos curadores malas agora isso é arte conceitual - e o que se gasta de dinheiro público com essas porcarias de "instalações" e "performances" não está no gibi! E triste de quem não gostar dessas arrumações! Vem logo em defesa um curador espertinho com suas elucubrações abstratas, seu palavreado conceitual repleto de citações e o escambau, em tom professoral, como se fôssemos ignorantes e intolerantes. Além do mau uso do nosso dinheiro, esses acontecimentos abrem uma brecha para os preconceituosos e falsos moralistas de plantão, que vêm logo com um apocalipse de histéricas injúrias e acusações (sic). 

Por essas e outras é que a arte contemporânea anda tão desvalorizada e esculhambada, fazendo com que nós - os artistas profissionais que dependemos dela para sobrevivermos - tenhamos que enfrentar ainda mais dificuldades e preconceitos, por causa da contrainformação que esses picaretas produzem com o aval da "cultura" oficial, curadores de meia-tigela que desprezam obras de arte e produzem essas "embromações conceituais". 

Nada tenho contra ficarem nus por aí - tem gente que gosta de espiar e de mostrar. Mas é absurda a afirmação que uma performance qualquer é uma manifestação artística; acho que há expressões verdadeiramente artísticas mais interessantes para se produzir com nosso dinheiro; ações que mostrem dom, virtuose, talento, artesania - e que não me venham comparar essa fuleragem com os belos nus expostos em excelentes obras-primas nos melhores museus do mundo.

Uma coisa é liberdade de expressão; outra coisa é definir toda porcaria como arte e todo fofa como artista. É a mesma coisa de achar que qualquer um pode jogar futebol como um Pelé, qualquer um pode tocar como um Arthur Moreira Lima, qualquer um pode pintar como um Salvador Dali... Ah... que me poupem desses malas niilistas negativos que tudo querem desconstruir com sua esperteza e demagogia! E que os babacas metidos a modernosos não embarquem nessa barca furada. Qualquer um pode querer ser artista... mas entre querer e ser há uma longa distância. Respeitem o talento, a artesania, a aptidão, o dom do artista profissional.

Isso não é arte, isso não é crime... isso é apenas uma porcaria, mermão!


* Nota de rodapé...

A performance "La Bête" ("O Bicho"), do artista Wagner Schwartz, que integra a mostra 35º Panorama da Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo, apresentado ao público em polêmico evento de abertura fechado na última terça-feira. Diz o "artista" tratar-se de uma leitura interpretativa da obra "Bichos", de Lygia Clark (sic).



Separando o joio do trigo.

Antes de bancar o babaca e ir ver cabra nu mostrando o furico e a bilola em museu, é bom ler o texto...

A ARTE CONTEMPORÂNEA SEGUNDO FERREIRA GULLAR



Há tempos, a revista Isto É publicou uma matéria do repórter Ivan Claudio sobre duas exposições, na qual ele ouvia as artistas e o crítico Ferreira Gullar. Esta entrevista foi complementada também pelo jornalista Fábio Palácio.

Segue a entrevista com o Gullar:


O senhor diz que a arte tem que emocionar, caso contrário não é ar­te. No entanto, hoje em dia as pes­soas teorizam tanto a arte...


Ferreira Gullar: existe uma tese da arte conceitual, da arte feita só por ideias. Isso não tem cabimento. Para refletir, preciso ler filosofia, não vou me ocupar do estilo de pintar do Cildo Meirelles para fazer isso. Ele é um excelente pintor, mas por que ele não pinta em vez de fazer o que está fazendo? Coloca escrito na obra "Urinóis – cocô artificial com planta natural". É para pensarmos sobre isso? O que vamos pensar sobre cocôs e plantas artificiais? Isso é muito pobre. Se ele fizesse os guaches que fazia antes, se comunicaria e transmitiria coisas que as pessoas poderiam sentir por meio da arte. Estive agora em Paris e fui ao Museu de Arte Moderna. Só vale pelo acervo de obras realizadas até a dé­cada de 40. Depois disso, nada vale a pena. O museu está vazio, ninguém vai lá. Tinha até uma exposição da Yoko Ono, que só faz besteira também, mas mesmo assim estava vazio. Só está lá porque ficou famosa depois que casou (com o ex-Beatle John Lennon). É inacreditável ver os diretores do museu convidando esse tipo de gente para expor. O resultado disso é que ninguém vai lá ver a exposição. Já o Louvre recebe multidões de pessoas, assim como o Museu Picasso.

E quanto aos críticos que escrevem páginas e páginas sobre essa arte conceitual? Às vezes, ao terminarmos de ler uma dessas críticas, nos sentimos péssimos, pois não entendemos nada.

Ferreira Gullar: Nem eles entendem, porque não há o que dizer sobre isso. A Jac Lemer fez uma exposição no Rio de Janeiro com umas maletas de viagem e teve um crítico que citou Heiddeger e Marx para apresentar a exposição. Não tem nada a ver com nada. É um texto indecifrável que, na verdade, não significa nada. O crítico não tem o que dizer e fica inventando. Vai di­zer o quê? Que as maletas estão bem arrumadas no espaço? Realmente não há o que dizer, pois ela nem fez as maletas, as comprou prontas. A rigor, não pode haver crítica sobre essa besteirada. O difícil é explicar como isso se mantém há décadas. A Bienal de Veneza acabou de ser inaugurada com as mesmas bobagens. Antes de ser aberta ao público, um cara mandou uma proposta de instalação que é um absurdo, e foi obedecida pela direção do evento. A ideia propunha a criação de um muro que fechava a entrada do pavilhão espanhol. Para que a entrada fosse permitida, seria necessária a apresentação do passaporte espa­nhol. Ou seja, ninguém conseguia entrar. E o incrível é que a Bienal topou isso! Na verdade, o artista estava era fazendo uma grande gozação com a Bienal, gozando a instituição. Essas pessoas são niilistas. Destruíram a ar­te, são pessoas que não têm o que fa­zer na vida e, com razão, gozam uma instituição que quer instituir algo que não existe. Essa instituição tanto vive um impasse que aceita a sugestão de um cara que manda fechar a porta da sua própria exposição. Afinal, se ne­gasse o pedido, ela não seria uma instituição de vanguarda, seria conservadora. e como é de vanguarda tem que dizer sim. Só que isso acaba com ela. O que acontece então? Acontece que a Bienal praticamente não tem mais expressão alguma. É moribunda, está se autodestruindo. Aceitar esse tipo de coisa é autodestruição. (...) A última Bienal foi um fracasso. Todos os vídeos eram chatérrimos e cheios de bobagens. Em Paris, assisti recentemente a um vídeo que só mostrava um cara berrando sem parar. Interna esse ca­ra! Vídeo bom é aquele que narra al­guma coisa.

Qual é exatamente a diferença entre expressão e obra de arte?

Ferreira Gullar: A obra de arte, ao contrário da expressão pura, necessita da elaboração de uma linguagem. É o que eu digo: tudo isso chega a um ponto tal que um pintor como Joseph Bueys – que levou suas experiências a um radicalismo extremo - afirma que todo mundo pode fazer arte. Claro! Se arte é pegar, como ele faz, um pedaço de trilho, cortar e pendurar na parede, qualquer pessoa pode fazer. Mas eu duvido que qualquer pessoa escreva uma sinfonia como Stravinsky, ou pinte uma Guernica como Picasso. Por isso eu afirmo: não é uma empulhação, mas uma confusão que vai surgindo de um processo de desintegração da linguagem.
De modo que, para mim, a crise baseia-se, por um lado, na confusão entre expressão e arte, que são coisas diferentes; por outro lado, há também o problema da busca obsessiva do novo. Buscar o novo, do ponto de vista da arte, é uma futilidade. Você faz o novo - e não existe arte que não implique no novo. Eu não vou escrever um poema que já foi escrito, nem vou repetir o meu próprio poema. Qualquer poema que eu escreva, para ser poema, deve ter algo de novo dentro dele. Mas não precisa ser um paletó de três mangas. Isso é um outro dado.
Antigamente, Leonardo da Vinci sentia-se orgulhoso por ter mestres, e quando, em Milão, encomendaram a escultura de um cavalo, ele saiu atrás de cada obra dos escultores anteriores a ele, para aprender e só então se aventurar a fazer a sua escultura. Na época moderna, ao contrário, ninguém quer ter mestres, todo mundo quer inventar a arte por si mesmo, todo mundo quer ser pai e mãe de si mesmo. Hoje, se você disser para qualquer pessoa que ela aprendeu alguma coisa com alguém, ela te dá um tiro, ela não aprendeu nada com ninguém, ela inventou tudo. Quer dizer: isso é o que essa pessoa pensa.

Podemos dizer então que a crise da arte é uma crise de pressupostos, de princípios, de concepções do que seja a arte?

Ferreira Gullar: Basicamente é isso. A origem, como eu falei, está em um processo verdadeiro, que não é embromação, mas resultou nisso: na desintegração desses valores, desses princípios. Então hoje não há valor algum. Mas, ao dizer isso, eu me refiro apenas ao setor radical, porque os verdadeiros artistas continuam fazendo arte. Há muitos bons pintores, no Brasil e lá fora, que têm noção do que estão fazendo e que não embarcaram nessa canoa furada. Mas o grande problema é que a crítica e as instituições - Bienal de São Paulo, museus de arte - todas embarcaram nessa loucura.

Hoje em dia - como o senhor próprio afirma - existe uma forte tendência a se pensar que tudo é arte, que qualquer um é artista. Esse tipo de pressuposto não contribuiria para um esvaziamento da reflexão do papel do sujeito e do trabalho no ato estético?

Ferreira Gullar: Evidente, evidente. Essa afirmação a que eu me referi, segundo a qual arte todo mundo pode fazer, isso é uma mentira e desvaloriza o artista. É um democratismo, uma falsa liberalidade que não tem valor algum, porque é mentirosa. De fato, se você admite que qualquer um pode fazer arte, pode parecer que sua visão é igualitária. Mas as pessoas não são iguais, elas têm direitos iguais. Nem todo mundo é Zico. Qualquer um pode jogar futebol como Zico? Isso é uma mentira, o que não quer dizer que o Zico seja superior a ninguém. Mas no futebol ele é melhor do que a maioria das pessoas, incluindo as que também jogam futebol. Qualquer um pode sentar no piano e tocar o Noturno n° 2 de Chopin? Não é verdade. Mas hoje se afirma isso e todos aplaudem. Agora, a consagração disso só continua nas artes plásticas. Porque nas artes plásticas amarram-se três pedras num arame e aquilo é "arte". Como qualquer um pode fazer isso, tem até sentido dizer que qualquer um faz arte essa arte que não é arte. Mas, saindo do terreno das artes plásticas, qualquer um faz cinema? Qualquer um compõe as tocatas e fugas de Bach? Evidente que não.

Em seu livro Argumentação contra a Morte da Arte o Sr. afirma que "a transmutação do material em espiritual no ato poético não se faz por milagre. Cria-se com trabalho, domínio dos meios de expressão, acumulação gradativa da experiência ". A arte contemporânea não estaria profundamente influenciada por uma visão negativa do trabalho como fardo, sacrifício?

Ferreira Gullar: Sim, claro. Totalmente negativa. Quando você adota essa atitude de que basta dependurar uma quantidade de corda no teto de uma galeria para ter uma expressão artística, então isso está implícito. Primeiro, porque não é ele (o artista) quem sobe no teto; ele não fez as cordas; ele não amarrou as cordas. Um artista, há alguns anos atrás, expôs em uma galeria no Rio uma grande quantidade de bronze desfiado, isto é, uma maçaroca de fios de bronze que pesava duas toneladas e ocupava toda a galeria. Quando eu vi aquilo fiquei me perguntando por que ele fez aquilo e por que a galeria expôs. Ninguém vai comprar duas toneladas de fios de bronze, porque é uma coisa feia, pesada, cara e também uma bobagem. Então por que a galeria estava expondo aquilo? A galeria é uma casa comercial. Vai expor o que não vende? Qual a razão disso? Eu me perguntei e fui lá. E, como quem não quer nada, encostei em uma mocinha e falei assim: vem cá, eu estou achando estranho isto aqui. Ninguém compra... o artista está vendendo o quê? Aí ela abriu uma gaveta que estava cheia de desenhos do artista: guaches, aquarelas, etc. Ele vendia desenhos. Veja bem: no fundo, ele fazia desenhos iguais aos de qualquer outro artista, mas sucede que aquela obra ali, supostamente de vanguarda, era simplesmente marketing para chamar a atenção das pessoas. Então o artista vive de se fazer famoso ficando nu no museu, colocando duas toneladas de bronze na galeria e o que ele vende é até ruim, de baixa qualidade, convencional, igual ao que um outro qualquer faria. Mas esse outro não tem a esperteza de colocar duas toneladas de bronze na galeria. É um jogo de natureza meramente comercial.

A arte está hoje submetida aos princípios que regem as relações de mercado, o que faz com que a maioria das obras artísticas se tornem mercadorias comuns, objetos industriais como outros quaisquer. Essa submissão não toma a arte muito vulnerável a determinações estranhas aos princípios da liberdade e da criatividade do artista?

Ferreira Gullar: Claro. Esse exemplo que eu dei é típico dessa visão comercial. O problema da comercialização nasce com a sociedade contemporânea, com o capitalismo nasce isso. Quando Manet, junto ao grupo impressionista, cria o Salão dos Recusados - que é o início da revolução moderna da Arte -, o que era aquilo? É que no Salão Oficial, na França - um grande Salão de Arte anual - havia um júri composto de professores da Escola de Belas Artes. Aquele júri era a bolsa que estabelecia o valor das obras de arte. Quem ganhava prêmios naquele salão imediatamente passava a ter clientes para comprar suas obras. Só que, em vez de ser o mercado que determinava o seu valor, era um grupo de professores, acadêmicos. Então quando Manet manda para o salão oficial um quadro que retratava uma mulher nua, sensual, aquilo causou um escândalo tal que o júri não aceitou o quadro. A obra não foi aceita nem para ser exposta, consequentemente não poderia ser premiada. Daí criou-se o Salão dos Recusados, isto é, daqueles que não tinham sido sequer aceitos pelo júri. Mas, na verdade, tudo isso refletia a necessidade de que o valor da obra de arte não fosse mais determinado - no capitalismo, isso era um absurdo - por um júri. Tinha que ser determinado pelo mercado. De fato, é isso. E eu não o digo para desmoralizar a experiência impressionista, porque, independente disso, é uma arte de grande valor, de grande qualidade e que merecia ter o seu lugar na sociedade, não podia ser discriminada por aquele grupo de professores. Mas também, junto com isso, estava essa necessidade de fazer com que o mercado determinasse o valor, e não um júri.
Esse é o processo. Inclusive essas performances e outras formas de Arte que não criam um objeto de arte são, no fundo, também uma fuga ao capitalismo, uma rejeição do artista em criar objetos vendáveis. Quando o artista cria uma performance, aquilo não pode ser vendido. Só que o processo da sociedade capitalista é tão infernal que transforma aquilo em valor comercial. Quer dizer: o artista não pode vender o objeto, mas ele vira espetáculo. Não tem saída. Ele não resolve o problema e ainda destrói a arte. Então é preferível tentar - já que vive dentro do sistema - impedir que o sistema determine a tua expressão. É isso o que os grandes artistas fazem. Por exemplo: Samico, um importante gravador brasileiro radicado no Recife, faz apenas uma gravura por ano. É um exemplo de artista que resiste a esse processo. Um outro exemplo está na poesia. Como ela não vale nada, ela não entrou nessa paranoia. Ela se mantém, na literatura brasileira como na literatura mundial, muito mais independente, autônoma e criativa do que esse tipo de arte, em que o artista, querendo ou não, está envolvido com o mercado, e é arrastado por ele.

A indústria cultural está hoje cada vez mais concentrada. Alguns dados apontam que o setor farmacêutico e o cultural são os que passam pelo maior número de fusões e aquisições. Grandes conglomerados como a ABC-Disney, a Time- Warner, a Hearst Corp. e a Globo concentram cada vez fatias maiores do mercado cultural. Até que ponto isso pode contribuir para o processo de padronização e esterilização da produção cultural?

Ferreira Gullar: Eu distingo arte de verdade de entretenimento. Eu acho que televisão é entretenimento, não é arte. É evidente que, se você escreve uma novela e uma peça de teatro, tudo é dramaturgia. A novela de televisão também exige destreza, domínio, imaginação, etc. É uma diferença de grau. Na peça de teatro o ator também faz dramaturgia, ele também tem imaginação, etc.

Qual a relação entre Arte e História? Podemos encontrar na História da Arte os determinantes do formato atual da experiência artística?

Ferreira Gullar: Não podemos compreender a arte de hoje sem conhecer a história da arte e a história da sociedade. É impossível compreender o que aconteceu, sem isso. Existe uma relação entre o processo histórico e o processo artístico e cultural. Mas a relação do artístico e do cultural com O econômico - que é a base, o processo fundamental da sociedade - é uma relação distante. O econômico não determina sempre, de uma mesma maneira e num mesmo grau, o cultural e o artístico.

Notas extras de Ferreira:
Outro ponto a se discutir é que um artista conceitual afirma que quem ainda leva em conta valores estéticos é ultrapassado, já que a nova arte não liga mais para isso. Mas pode haver arte sem valor estético? Arte sem arte? Estas são as perguntas de Ferreira Gullar sobre o assunto.
Descartando assim a expressão estética, como quer a arte conceitual, concluíram que se negar a realizar a obra é reencontrar as fontes genuínas da arte. E, se o que se chama de arte é o resultado de uma expressão surgida na linguagem da pintura, da gravura ou da escultura, buscar se expressar sem se valer dessa linguagem seria fazer arte sem arte ou, melhor dizendo, ir à origem mesma da expressão.
Só que isso nos leva, inevitavelmente, a perguntar se toda expressão é arte. Exemplo: se amasso uma folha de papel, o que daí resulta é uma forma expressiva; pode-se dizer que se trata de uma obra de arte? Se admito que sim, todo mundo é artista e tudo o que se faça é arte.
Ferreira Gullar diz que, ”em resumo, o principal problema da arte contemporânea é que se confundiu expressão com arte. Perdeu-se a noção de que uma coisa pode ser expressiva sem ser arte. Por exemplo: se eu dou um grito, isso é expressão, mas não é arte. Para que esse grito se torne arte, é preciso que eu o transforme num poema, ou que um pintor como E. Münch faça um quadro como "O Grito", em que aquilo vira uma obra plástica. Se eu me sentar no chão em cima de terra, mesmo que seja no museu, não é obra de arte. Pode ser uma atitude, uma performance adotada como protesto, como manifestação, mas não é obra de arte.”
Nesse caso, onde todo mundo pode fazer arte, acaba se resumindo na questão de uma falsa liberalidade que não tem valor algum, porque é mentirosa. De fato, se você admite que qualquer um pode fazer arte, pode parecer que sua visão é igualitária. Mas as pessoas não são iguais, elas têm direitos iguais.

Por exemplo, Ferreira diz: "nem todo mundo é Zico. Qualquer um pode jogar futebol como Zico? Isso é uma mentira, o que não quer dizer que o Zico seja superior a ninguém. Mas no futebol ele é melhor do que a maioria das pessoas, incluindo as que também jogam futebol."

sábado, 16 de setembro de 2017

Retrato do Desembargador Cornélio Alves - há 20 anos

Mais uma imagem resgatada para o nosso catálogo: o retrato que pintei do Dr. Cornélio Alves, quando este era Juiz em Mossoró (Rn) e eu por lá morava - ainda como apenado, em 1997. Homenzarrão (quase 2 m) elegante, generoso e educado, ele visitou meu atelier e me honrou com a encomenda de várias obras, que pintei com prazer. Hoje ele merecidamente ocupa o cargo de Desembargador no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte.

Bruno Steinbach. "Retrato de Dr. Cornélio". 
Óleo s tela, 100 x 80 cm. Mossoró-Rn, Junho de 1997.
Coleção: Desembargador Cornélio Alves. Natal, RN.

A imagem da obra foi enviada pelo meu amigo escrivão Wilton Fernandes, direto do gabinete do desembargador, que gentilmente permitiu que a obra fosse fotografada. 

terça-feira, 12 de setembro de 2017

CATARATA

Já em casa, bem operado, espiando as formiguinhas nas plantinhas da caverna (rss).



Cirurgia de catarata realizada com sucesso no Hospital Provisão, pelo excelente oftalmologista Dr. Daniel Alves Montenegro - um craque! Agradecimento especial ao mano Eduardo Machado Silva, que está cuidando da parte financeira do procedimento (cirurgia de catarata pelo SUS nem pensar).
Agora colocarei as encomendas e as contas em dia.
Encantado com as cores lindas e vívidas, antes tão esmaecidas e sem foco. Como meus amiguinhos alados são tão mais lindos!


Na aurora boreal desenhei certezas e colori sonhos; no equinócio de primavera pintei o amor e o sexo, navegando em mares revoltos; agora, no ameno crepúsculo de um solstício de inverno, pinto saudades e naturezas mortas.

sábado, 5 de agosto de 2017

432 ANOS: PARABÉNS PARAHYBA!

A capital da Paraíba teve vários nomes antes da atual denominação. Primeiro foi chamada de Nossa Senhora das Neves, em 05 de agosto de 1585, em homenagem ao Santo do dia em que foi fundada. Depois foi chamada de Filipéia de Nossa Senhora das Neves, em 29 de outubro de 1585, em atenção ao rei da Espanha D. Felipe II, quando Portugal passou ao domínio Espanhol. Em seguida recebeu o nome de Frederikstadt (Frederica), em 26 de dezembro de 1634, por ocasião da sua conquista pelos holandeses, em homenagem a Sua Alteza, o Príncipe Orange, Frederico Henrique. Novamente mudou de nome, desta vez passando a chamar-se Parahyba, a 01 de fevereiro de 1654, com o retorno ao domínio português, recebendo a mesma denominação que teve a capitania, depois a província e por último o Estado. Em 04 de setembro de 1930, finalmente recebeu o nome que tem hoje...

Bruno Steinbach. "Parahyba, opus I".
Acrílica/tela, 60 x 100 cm, 22 dez 2016. Parahyba, Brasil. 
Coleção: Lourdes Bonavides Mariz Maia. Recife (PE).
Obra patrocínio Parahybavista.

O PORTO DO CAPIM, ONDE TUDO COMEÇOU

"O Porto do Varadouro, popularmente conhecido como Porto do Capim, denominação que se acredita que surgiu devido à quantidade de capim que ali desembarcava para alimentar os animais que serviam de transporte naquela época, era o porto principal da cidade de João Pessoa quando o Porto de Cabedelo ainda não existia.
Em 1920, o Presidente Epitácio Pessoa (1919-1922) mandou fazer um Porto Internacional na bacia do Sanhauá em frente ao porto original. Obra que nunca se concretizou, houve desvio de recursos e falta de estudos para sua viabilidade. Hoje ainda existem vestígios de concreto armado fincadas as margens do Sanhauá. A partir de 1935, com a inauguração do Porto de Cabedelo e a efetivação do transporte ferroviário de João Pessoa para Cabedelo, o porto da cidade foi sendo gradualmente desativado, gerando a decadência da área - sendo com o passar dos anos ocupada por famílias carentes. Hoje o local vive o abandono, pois faltam saneamento e condições básicas de vida. "
Fonte:


Esta é uma vista parcial de quem chega pelo rio Sanhauá, vendo-se em primeiro plano o "Porto do Capim", onde tudo começou, seguido do Varadouro, com o centro histórico e a igreja de São Frei Pedro Gonçalves - onde havia uma cidadela, seguidos do casario corcoveando pelas ladeiras em busca da cidade alta, ao fundo. Na imagem acima: pintura de Bruno Steinbach. "PARAHYBAVISTA (SANHAUÁ, PORTO DO CAPIM e VARADOURO), opus I". Painel em acrílica/tela, 120 x 194 cm. Parahyba, dezembro de 2013. Acervo: Tribunal de Justiça da Paraíba. Em primeiro plano, os casebres do porto do capim e, depois, o casario antigo do varadouro; no alto, a igreja de São Frei Pedro Gonçalves, com a cidade alta e a Igreja de São Francisco, mais à direita, ao fundo.



Bruno Steinbach. "Parahyba e Sanhauá, opus I". 
Óleo/tela, 100 x 120 cm. 2005. 
Coleção: Desembargadora Maria de Fátima Bezerra Cavalcante Maranhão. 
Paraíba, Brasil.
Obra patrocínio Parahybavista.

DO RIO PARA O MAR

Conhecida como a cidade onde o sol nasce primeiro, devido ao ponto mais oriental das Américas se localizar aqui, nossa velha e charmosa Parahyba se esparrama verde e lindamente entre a belíssima praia do Cabo Branco e o crepuscular rio Sanhauá, oferecendo aos habitantes uma verdadeira viagem pelo presente e pelo passado.

Bruno Steinbach. "Ponta do Cabo Branco, opus IV". 
Acrílica/tela, 144 x 270 cm, abril de 2012. João Pessoa, Paraíba, Brasil. 
Acervo: SESC PARAÍBA - Centro de Turismo e Lazer do Sesc Paraíba
João Pessoa, Paraíba, Brasil.

Bruno Steinbach Silva. "Cabo Branco, opus VIII". 
Acrílica/tela, 80 x 100 cm. Julho de 2015, Parahyba, Brasil.
Coleção: Geisa Galvão Ribeiro. 
João Pessoa, Paraíba.
Da série PARAHYBAVISTA - AGONIA E ÊXTASE

Bruno Steinbach Silva, "Cabo Branco, opus VI". 
Acrílica/tela, 70 x 100 cm.
Coleção: Lua Maia Pitanga.
 Patrocínio Parahybavista

Bruno Steinbach. "PHOENIX, opus I".
Óleo/tela, 50 x 70 cm, 2005, Parahyba, Brasil.
Coleção Marcelo Steinbach Silva (in memoriam).
Rebatizado para "ASA BRANCA, opus I", a pedido do seu novo tutor, Klécius Leite Fernandes.
Acervo: Klécius Leite Fernandes. 
Paraíba, Brasil.


Bruno Steinbach Silva. "Cabo Branco, opus IX". 
Acrílica/tela, 60 x 100 cm. Abril de 2016, Parahyba, Brasil.
Da série temática PARAHYBAVISTA.

Bruno Steinbach. "Parahybavista do Sanhauá, opus III". 
Infogravura/esboço/papel sulfite 180 gr, 29,7 x 42 cm, outubro 2013.
Parahyba, Paraíba, Brasil.