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A ARTE PRIMEVA DA HUMANIDADE: XAMÃ - PINTURA E FÉ NA CAVERNA!

sábado, 25 de dezembro de 2021

FELIZ NATAL E UM ANO NOVO MELHOR


Celebremos o Natal com a devida reflexão no motivo real dessa comemoração: Jesus! 

Celebremos sem nos aglomerarmos, para que tenhamos saúde e esperança de um futuro melhor: com muita tolerância, mais fraternidade, igualdade, muita paz, saúde, mais amor para todos nós. Muito amor! Mas lembremos sempre o que a data representa: o nascimento de Jesus, que dedicou com dignidade a sua vida aos humildes, aos doentes e àqueles que viviam marginalizados pela sociedade de religiosos hipócritas e por isso mesmo foi perseguido, preso, torturado e crucificado, com apenas 33 anos de idade. 
 
Celebremos com simplicidade e respeito a vida daquele homem extraordinário. Sim, devemos lembrar que não foi a sua morte que nos salvou, mas a sua intensa vida - que nos deixou um maravilhoso legado de ensinamentos de amor ao próximo e a Natureza.


quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

IN CONCERT: JULIANA STEINBACH E FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS


Filarmônica celebra Saint-Saëns

Para encerrar a celebração dos 100 anos de morte de Saint-Saëns, a Filarmônica de Minas Gerais mostra as múltiplas facetas do compositor francês em três obras. Da ópera “Sansão e Dalila”, a orquestra apresenta a “Bacanal”. A pianista brasileira Juliana Steinbach mostra o seu virtuosismo no CONCERTO PARA PIANO Nº 2 EM SOL MENOR, OP. 22.

Leia mais no Diário do Comércio
Filarmônica celebra Saint-Saëns: 

Juliana Steinbach "Esquentando as mãos",
antes do ensaio geral com a Filarmônica de Minas Gerais.

Os concertos serão realizados nesta quinta-feira (9) e sexta-feira (10), às 20h30, na Sala Minas Gerais, em Belo Horizonte-MG, com regência do maestro Fabio Mechetti, diretor Artístico e regente titular da orquestra.

O concerto terá presença de público, e a venda de ingressos está disponível no site www.filarmonica.art.br e na bilheteria da Sala Minas Gerais. A apresentação de hoje também terá transmissão ao vivo pelo canal da Filarmônica no YouTube.

Assista ao concerto online na página da Filarmônica no YouTube


Juliana Steinbach brindou o público com um bis: a Dança dos espíritos abençoados, balé composto por Christoph Glück em sua ópera Orfeu e Eurídice que Giovanni Sgambati transpôs para o piano. Bis favorito de Guiomar Novaes, que Nelson Freire sempre tocava em sua homenagem - como um código secreto -  e que Juliana Steinbach prestou assim uma homenagem aos dois, tocando o coração do público com a mais bela e comovente sensibilidade. Assista ao vídeo abaixo.




A franco-brasileira Juliana Steinbach nasceu em João Pessoa, na Paraíba, nordeste do Brasil. Mas aos três anos de idade foi morar em Lyon, na França, onde começou seus estudos musicais com a professora Paule Delorme. Foi aluna dos conservatórios de Lyon (CNR) e de Paris (CNSM), da Academia Pianística de Ímola, na Itália, bem como de residências artísticas em Tel Aviv, Israel, e do Centro de Artes de Belgais, em Portugal. Em maio de 2007, formou-se na Juilliard School, em Nova York. Juliana Steinbach foi solista das sinfônicas de Toulon (França), Savary (Hungria), Mav de Budapeste (Hungria), Rishon Le Zion (Israel), da Paraíba, a Sinfônica e Lírica de Paris, a Filarmônica de Nice e as orquestras de Colonne de Paris, do Conservatório de Paris e a Rundfunk Blasorchester Leipzig (Alemanha). Em 2017, publicou seu disco mais recente, Pictures, com obras de Liszt, Debussy e Mussorgsky.
Mora atualmente em Paris e participa de grandes eventos musicais em várias partes do mundo.

Leia também:


Davi Graton (violino), Emmanuele Baldini (violino), Peter Pas (viola), Rodrigo Andrade (violoncelo) e Juliana Steinbach (piano).

Juliana Steinbach (piano) e o Quarteto Osesp (Emmanuele Baldini, Davi Graton, Peter Pas e Rodrigo Andrade)
Domingo, dia 28 de novembro, 18 horas: concerto de câmera na Sala São Paulo. 

Mais informações na página do site da Filarmônica: TRÊS MOMENTOS DE SAINT-SAËNS Fabio Mechetti, regente Juliana Steinbach, piano https://www.filarmonica.art.br/concertos/agenda-de-concertos/tres-momentos-de-saint-saens/

A Filarmônica Minas Gerais. Foto: Eugenio Savio

Rua Tenente Brito Melo, 1090 
Belo Horizonte - MG
 +55 (31) 3219-9000


segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

A NAU VAGANTE


Todo dia é dia da Terra
e dela cuida bem quem nunca erra.
Aproveita bem a tua vida, a tua linda jornada...
Zela o caminho que vale mais que a chegada.
Cuida da tua única nau vagante nesse universo instigante,
estrelando bem o sonho do bom viajante.


UMA JÓIA RARA NO UNIVERSO HOSTIL


Nosso único abrigo sendo destruído por uma praga chamada homo sapiens, cuja grande maioria dos seus indivíduos nada têm de sábios e é o único animal que destrói o nosso planeta lindo.

O AVISO DA TERRA

As pandemias e os cataclismas são a resposta do planeta para se proteger desses predadores. As catástrofes climáticas e a peste são um aviso do planeta que chora pela ingratidão dos seus péssimos inquilinos.


Cientistas alertam:
A humanidade está quase condenada por suas atitudes
Texto reproduzido do site OLHAR DIGITAL
(Por Kaique Lima, editado por André Lucena 27/04/2021 05h22, atualizada em 28/04/2021 18h)4)3


Um grupo de cientistas da Universidade Flinders, na Austrália, publicou um artigo alertando que a humanidade estaria “quase condenada” por conta de suas próprias atitudes. Segundo os estudiosos, a escala das ameaças motivadas pelas mudanças climáticas e a perda da biodiversidade induzida pelo homem pode ter efeitos ainda mais graves do que se imagina atualmente.

No estudo publicado na revista Frontiers in Conservation Science, os pesquisadores alertam para um “futuro medonho”, que envolveria uma extinção em massa e até mesmo o fim da nossa espécie. “A humanidade está causando uma rápida perda de biodiversidade e, com ela, a capacidade da Terra de sustentar vidas complexas”, disse o autor principal e ecologista, Corey Bradshaw.

Os pesquisadores afirmam que os líderes mundiais precisam de um “banho frio” sobre o estado ambiental do planeta, tanto para melhorar o planejamento, quanto para ações efetivas para evitar que esse futuro seja de curto ou médio prazo.

“O mainstream está tendo dificuldade em compreender a magnitude dessa perda, apesar da erosão constante da estrutura da civilização humana”, declarou Bradshaw. “Na verdade, a escala das ameaças à biosfera e todas as suas formas de vida é tão grande que é difícil de entender mesmo por especialistas bem informados”, completou o professor.

Principais agravantes

Para os especialistas, líderes mundiais não estão prontos para os desafios que se avizinham. Crédito: ONU/Divulgação

Para Bradshaw e sua equipe, a humanidade ter chegado nessa situação se deve a um pensamento que não coloca as questões ambientais como prioridade. “O problema é agravado pela ignorância e pelo interesse próprio de curto prazo, com a busca por riquezas e interesses políticos atrapalhando a ação que é crucial para a sobrevivência”, disparou o especialista.

Já para o professor Paul Ehrlich, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, um dos coautores do estudo, nenhum sistema político, econômico ou liderança está pronto para lidar com os desastres que devem acontecer. Segundo ele, sequer seria possível se preparar para os desastres previstos para o nosso futuro.

“Parar a perda de biodiversidade está longe de estar no topo das prioridades de qualquer país, ficando muito atrás de outras preocupações como emprego, saúde, crescimento econômico ou estabilidade monetária”, reclamou o acadêmico.




domingo, 5 de dezembro de 2021

JULIANA STEINBACH: CONCERTO EM HOMENAGEM A NELSON FREIRE NA SALA CECILIA MEIRELES


Ontem, às 16h, a Sala prestou uma homenagem ao pianista Nelson Freire.
https://youtu.be/3R-yVLDgrBA?t=4641 Sala Cecília Meireles - Online em 4/12/21
Os pianistas Erika Ribeiro , Juliana Steinbach , Lucas Thomazinho e Pablo Rossi , apresentam obras de Chopin, Villa-Lobos, Schubert, Glück e Schumann, primorosamente interpretados pelo grande mestre durante sua carreira.

Foi lindo, tudo muito lindo! Excelente produção!
Todos virtuoses... e a minha menina tocou divinamente, como sempre, com muita emoção.
Também fiquei emocionado, chorei, aqui, isolado na caverna. Brilhante e vibrante a sua interpretação de "Festa no Sertão" de Villa-Lobos. E sei que uma estrela recém-encantada brilhou mais intensamente no céu com "Dança dos espíritos abençoados", de Christoph Glück.
Uma belíssima homenagem a Nelson Freire.
Bravo!

O concerto contou com presença de público e transmissão ao vivo pelo canal de YouTube da Sala Cecília Meireles e TV ALERJ.
A Sala Cecília Meireles segue os Protocolos de Segurança Sanitária da FUNARJ.

A imagem é uma foto de Juliana Steinbach.


Sala Cecília Meireles/FUNARJHomenagem a Nelson Freire

@salaceciliameireles 
Rua da Lapa, 47 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20021-170
Nelson Freire

Juliana Steinbach realiza concertos  em tributo a Nelson Freire

 A seguir, matéria publicada originalmente por Joel Cavalcanti na edição impressa do Jornal paraibano "A UNIÃO" de 28 de novembro de 2021
Steinbach chegou a trocar partituras e dividir o piano, tocando a quatro mãos em concertos com Freire

Steinbach chegou a trocar partituras e dividir o piano, tocando a quatro mãos em concertos com Freire


Nos últimos sete anos de vida de Nelson Freire, um dos maiores pianistas de todos os tempos – morto no início deste mês, a amizade com a pianista paraibana Juliana Steinbach havia se estreitado bastante. Eles trocavam partituras, dividiam o piano tocando a quatro mãos em concertos dentro e fora do país e faziam parte do vínculo familiar um do outro. Radicada na França, hoje ela começa uma turnê pelo Sudeste, em que todas as notas serão em homenagens ao gênio da música, conhecido por seu virtuosismo e pela sua sensibilidade poética.

Iniciando na Sala São Paulo, na capital paulista, Juliana se apresenta às 18h acompanhada do quarteto Osesp, com peças franco-brasileiras e alemãs no repertório. Depois ela ainda segue, no dia 4, para a Sala Cecília Meirelles, no Rio, local da última apresentação de Nelson Freire. Com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e a presença de parentes do mineiro de Boa Esperança, a pessoense tocou o concerto de Saint-Saëns, nos dias 9 (com transmissão pelo YouTube da orquestra) e 10 de dezembro. A temporada se encerra no dia 29 de dezembro com o concerto ‘O Imperador de Beethoven’, no Instituto Baía dos Vermelhos, em Ilhabela (SP), onde ambos se apresentaram tantas vezes.

O primeiro encontro de Juliana Steinbach com Nelson Freire aconteceu em 1999, em Buenos Aires, em um episódio insólito para a pianista. Ela havia sido furtada nos bastidores do Teatro Colón e ficou sem os passaportes brasileiro e francês. Nelson usou, então, de sua influência e, com apenas uma ligação para o embaixador, providenciou para o dia seguinte os novos documentos para a jovem de 20 anos. Decorridos 15 anos desse encontro, eles começaram a desenvolver a amizade que marcaria a trajetória afetiva e profissional de ambos. “Foi uma amizade baseada na música, inicialmente, e com a grande chance que eu tive de acompanhar os últimos sete anos de auge da carreira dele. Foi um período que ele atingiu um nível excepcional e histórico do piano internacional”, destaca a paraibana.

A conexão se dava apesar da diferença de 35 anos de idade que separava os dois. Todas às vezes que Nelson se apresentava na França, após os concertos, ou quando Juliana vinha ao Brasil, eles se visitavam. Costumavam comparar os repertórios e sugerir composições. Nelson sempre levava consigo partituras de música brasileira para que a Juliana pudesse aprender com o mestre. “Foi um privilégio ter um diálogo musical com um gigante como Nelson Freire”, diz ela sobre um dos cinco maiores intérpretes de Beethoven, Chopin e Mozart do século.

A relação saltou dos pianos para se tornar familiar. Nelson acompanhou o nascimento da filha de Juliana, hoje com 4 anos. A menina recebeu o nome de Olympe Guiomar, em uma homenagem a Guiomar Novaes (1894-1979), pianista brasileira muito admirada por Nelson. “Ele incluiu a gente também muito naturalmente na vida familiar dele. Nelson queria que fôssemos um ciclo muito próximo da vida dele”, revela. A amizade entre os dois suplantava a figura que Juliana tinha de Nelson como de um tutor, ou de padrinho, como se refere a ele. “A vida de um pianista internacional é muito solitária. Quando você encontra pessoas com quem você possa dialogar de um jeito muito simples, com quem você possa ser quem você é, é realmente um presente”, considera ela. Eles também realizavam programas a quatro mãos, quando os dois pianistas dividem o instrumento ao mesmo tempo. “Isso foi realmente um privilégio, porque o Nelson Freire só tocava em duo com a Martha Argerich. Esse foi um imenso sinal de confiança comigo”, conta Juliana sobre a pianista argentina e grande amiga de Nelson.

Os pianistas chegaram a dividir alguns recitais no Brasil, em Ilhabela (SP), e em um festival criado por Juliana, na Borgonha, centro-leste da França. Foi durante a apresentação no Litoral Norte do Estado de São Paulo que Juliana teve mais uma demonstração da generosidade de Nelson Freire. O músico costumava tocar durante o bis a peça ‘Melodia’, da ópera ‘Orfeu e Eurídice’, de Christoph Willibald Gluck e Giovanni Sgambati, tal qual fazia Guiomar Novaes, a quem ele sempre homenageou. Mas, naquela noite, Nelson não tocou a sua música como de costume. “Eu fui vê-lo no camarim, e perguntei porque ele não havia tocado Gluck. Ele me respondeu: ‘Deixei para você’”, lembra ela. Na sua apresentação no Rio de Janeiro, Juliana manterá a tradição de Nelson Freire e tocará ‘Orfeu e Eurídice’. “Esse será meu código secreto de admiração e carinho entre as gerações de pianistas brasileiros”, confidencia.

Os últimos dois anos de Nelson Freire foram de bastante dificuldades. O maestro sofreu um acidente enquanto caminhava pela calçada da praia, no Rio de Janeiro, em outubro de 2019, e quebrou o ombro. Esse evento viria a ser decisivo na vida dele, que não conseguiu recuperar plenamente as suas capacidades pianísticas. Os meses que antecederam sua morte foram de grande sofrimento e de isolamento acentuado causado pela pandemia. Um afastamento longo demais para quem amava o piano acima de tudo. “A gente continuou se falando por telefone, mensagens, e-mails, mas pouco a pouco ele foi se isolando cada vez mais. Nas últimas semanas eu quase não tive mais contato com ele. Um músico como Nelson Freire vive na música. A música é a sua vida inteira. Existem poucas alegrias e realizações fora disso. Claramente, isso afetou de maneira vital o cotidiano dele nos últimos meses”.



Pianista Juliana Steinbach relembra Nelson Freire
publicado por Jorge Coli* na sua coluna da 
Revista CONCERTO 22/11/2021

Nelson veio duas vezes ao Festival de Musique em Charolais-Brionnais que eu organizo. Apaixonou-se pelo lugar, que lhe lembrava Minas Gerais.

A pianista franco-brasileira Juliana Steinbach, amiga próxima de Nelson Freire, falou um pouco para mim sobre a amizade de ambos.

“Nosso primeiro encontro foi em 1999, com Nelson e Martha (Argerich), no Teatro Colón. Eu me sentia intimidada diante daqueles gigantes do piano. Depois, o tempo passou. Só em 2014, quando eu já desenvolvia minha carreira de concertista, fui vê-lo em seu camarote depois de um recital que ele dera na sala Pleyel. Nossa amizade começou então de um jeito muito natural: parecia que sempre tínhamos nos conhecido. Muito caloroso, Nelson me deu um lugar em sua vida. Ele estava num apogeu musical: foi um privilégio para mim acompanhar de perto esse período. Tinha um repertório muito variado, e cada vez que realizava um concerto ou recital, me convidava, jantávamos juntos. Passei a frequentar a casa dele. Nossa amizade foi muito forte e de grande familiaridade, visitas, almoços, jantares, em Paris, no Rio, na casa de meus pais, em Lyon: ouvir e falar de música, ver filmes. Ele acompanhou o nascimento de minha filha, Olympe Guiomar, que tem seu nome em homenagem a Guiomar Novaes, por causa da admiração de Nelson pela grande pianista.

Você sabe que eu fui criada na França. Nelson me reconheceu como intérprete, pianista, brasileira. Fazia questão de falar português e me tratar como artista brasileira. Eu me sentia ouvida, reconhecida, como intérprete. Foi como um padrinho.

Ele me sugeria obras do repertório brasileiro, mesmo que não tivesse tocado, mas que queria que eu tocasse. Tocar com ele, nos mesmos recitais, foi um processo muito natural. Nelson era pleno de música. Era uma lição sem palavras tocar com ele a quatro mãos. Tinha um incrível balanço entre autoridade e ternura, que vinha da música. Queria um respeito absoluto do texto, mas não no sentido musicológico: era antes intuitivo. Grandíssima intuição e análise não verbalizada. Grande humildade na frente do texto, como se fosse ainda um estudante. Tocamos Mozart, Grieg, Ravel Brahms e Villa-Lobos a quatro mãos. Foi incrível tocar Villa-Lobos com ele. Tinha uma energia vital, sentindo a inspiração popular de Villa-Lobos. Balanço entre um sentido rítmico agudo e uma grande liberdade. Nelson era de balança, como signo astrológico: temperamental e doce. No recital de Ilhabela – você estava lá – ele tocou na primeira parte e generosamente me cedeu a segunda. Não tocou o Gluck em bis, como sempre fazia, mas me deu a partitura e disse: deixei para você!

Não foi meu professor, pois nos conhecemos quando já estava formada. Mas, depois de me ouvir na Sala Cecília Meireles, convidou-me para sua casa, pôs um disco da Guiomar Novaes com o mesmo repertório, e ficamos ouvindo. Foi um legado, senti que estava comunicando sugestões para mim. Guiomar, Nelson e eu somos muito diferentes do ponto de vista musical, mas havia comunicação por meio de admiração e carinho. Você foi o primeiro, aliás, que me associou a Guiomar Novaes com seu artigo na Folha, quando eu dei meu recital do prêmio na Cité de la Musique em Paris.

Nós tínhamos acertado fazer, juntos, uma grande turnê pelo Brasil, nos teatros históricos – Manaus, Belém, João Pessoa, Recife e outros. O final seria com um concerto com orquestra em São Paulo: foi pouco antes do acidente que afetou seu ombro, e infelizmente isso não ocorreu.

Nelson tinha uma cultura musical gigante, e sabia muito mais do que eu. Por vezes me perguntava: como você toca tal passagem, tal dedilhado? E me ensinava, com muita humildade. Era muito livre. Martha é muito afetuosa, mas tem muita gente em volta de si. Nelson era mais solitário. E nossas conversas, sobre Beethoven ou Brahms, por exemplo, eram de pianistas que têm repertório comum. Ele me trazia partituras do Brasil, e sugeria obras que passaram de moda, mas que eram populares no tempo de Guiomar Novaes. Perguntava: não quer fazer um revival? Obras raras, como o concerto de MacDowell. E coisas brasileiras: as valsas de Gnatalli, que ele dizia ravelianas. E o Concerto nº 2 de Saint-Saëns, que vou tocar em dezembro com a Filarmônica de Minas Gerais. Quando minha filha nasceu, ele me trouxe uma gravação dele próprio desse concerto, e disse para eu aprender essa obra. Você imagina a minha alegria em tocá-la agora, com a mesma idade que ele tinha quando gravou o disco.”

Juliana Steinbach apresenta-se no dia 28, em recital na Sala São Paulo com o Quarteto Osesp; veja mais informações aqui.

*Jorge Coli é professor de História da Arte e da Cultura na Unicamp e colunista da Revista CONCERTO.

Leia também, por Jorge Coli:
Juliana Steinbach (piano) e o Quarteto Osesp (Emmanuele Baldini, Davi Graton, Peter Pas e Rodrigo Andrade)
Domingo, dia 28 de novembro, 18 horas: concerto de câmera na Sala São Paulo. 


UMA PARAIBANA EM PARIS

A franco-brasileira Juliana Steinbach nasceu em João Pessoa, na Paraíba, nordeste do Brasil. Mas aos três anos de idade foi morar em Lyon, na França, onde começou seus estudos musicais com a professora Paule Delorme. Foi aluna dos conservatórios de Lyon (CNR) e de Paris (CNSM), da Academia Pianística de Ímola, na Itália, bem como de residências artísticas em Tel Aviv, Israel, e do Centro de Artes de Belgais, em Portugal. Em maio de 2007, formou-se na Juilliard School, em Nova York. Juliana Steinbach foi solista das sinfônicas de Toulon (França), Savary (Hungria), Mav de Budapeste (Hungria), Rishon Le Zion (Israel), da Paraíba, a Sinfônica e Lírica de Paris, a Filarmônica de Nice e as orquestras de Colonne de Paris, do Conservatório de Paris e a Rundfunk Blasorchester Leipzig (Alemanha). Em 2017, publicou seu disco mais recente, Pictures, com obras de Liszt, Debussy e Mussorgsky.
Mora atualmente em Paris e participa de grandes eventos musicais em várias partes do mundo.


Série Sala Digital PROGRAMA: Heitor Villa-Lobos(1887-1959) - Valsa da Dor Frédéric Chopin (1810-1849) - Mazurka, op. 17, nº 4 - Barcarolle em Fá sustenido maior, op. 60 Erika Ribeiro, piano Franz Schubert (1797-1828) Fantasia Wanderer em Dó maior, opus 15, D.760 Pablo Rossi,piano Heitor Villa-Lobos(1887-1959) - Rudepoema Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993) Toccata Lucas Thomazinho, piano Christoph Glück (1714-1787) - Dança dos espíritos abençoados Robert Schumann (1810-1856) Fantasia op. 17 I - Durchaus phantastisch und liedenschaftlich vorzutragen Heitor Villa-Lobos(1887-1959) - Festa no Sertão Juliana Steinbach, piano Governo do Estado do Rio de Janeiro Governador Cláudio Bomfim de Castro e Silva Secretária de Cultura e Economia Criativa Danielle Barros Presidente da FUNARJ José Roberto Gifford Diretor da Sala Cecília Meireles João Guilherme Ripper Sala Cecília Meireles Chefe da Divisão Artística Mônica Diniz Chefe da Divisão Administrativa Silvio César M. Santos Coordenador Técnico Sérgio Santos Administração de Processos Luana Heitor Assistente Administrativo Fernando Ferreira Assessoria de Projetos Educativos Andreia Severo Produção Isabel Zagury Assessoria de Imprensa Marcus Veras | Coringa Comunicação Assessoria de Redes Sociais e Desenvolvimento de Conteúdo Júlia Rónai Comunicação Visual Marcio de Andrade Fotografia Vitor Jorge Setor Operacional Valdeci da Silva Palco Paulo Sérgio Duarte Marcos Aurélio Reis José Ramos Filho André Luiz de Souza Iluminação Paulo Sérgio Duarte André Luiz de Souza Bilheteria Alberto Carlos de Oliveira Janete Nogueira Monique Gonçalves Serafim Portaria José Elias de Albuquerque Gilberto Figueiredo Daniel Pereira Ilson Fernandes Luiz Fernando Xavier Sadraque Máximo Camarins Ademaise Damasceno Rogéria Silva Marques Apoio Administrativo Alba Almina de Azevedo Negócios e Relações Institucionais Ártemis Priscilla Cadette Letícia Santos Associação dos Amigos da Sala Cecília Meireles Presidente Wilton Queiroz de Araujo Vice-Presidente Nelson de Franco Primeiro Tesoureiro Eduardo Jardim Freire Conselho Deliberativo Angela Martins de Souza Simone Pinto M. de Oliveira Conselho Fiscal José Gustavo Feres Relacionamento com Associados Nathália Soares Márcia Ibraim ALERJ Presidente André Ceciliano TV ALERJ Direção TV Alerj Luciano Silva Técnico Responsável Marcelo de Freitas Diretor de TV Anderson Silva Assistente Técnico de Sistema Jorge Gabriel Alberto Ribeiro Assistente Técnico Leandro Sant'Anna Tecnologia da Informação João Vitor Mendonça Washington Siqueira Jonatha Moreno Operador de Áudio Daniel Silva Lopes Operadores de Câmera Alexandre Coppe Elton Moura Ricardo Domingos Gabriel Torraca Paulo Cardozo José Carlos Diego Campanhã Auxiliares de Câmera Matheus Almeida Vinicius Siqueira Marcos Olympio Genésio Gonçalo Fernando Pinheiro Junior Barbosa Operadoras de Caracteres Selma Regina Julia Rodrigues Vanessa Duarte

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

18 DE OUTUBRO: DIA DO MÉDICO

Minha humilde homenagem àqueles médicos que realmente honram o juramento de Hipócrates e seguem sua ética e as orientações da ciência - sem se deixarem seduzir nem pela ambição financeira, nem por interesses políticos e nem pela arrogante vaidade a que muitos outros sucumbem.

Escolhi o meu pai, o médico Isaias Silva, como representante de escol dessa categoria - pelo mérito de ter honrado como poucos o juramento que fez ao escolher essa profissão e exercê-la como um sacerdócio (pois foi um dos maiores médicos da Paraíba, fundador da Faculdade de Medicina da UFPB e do Hospital Universitário, homem de coragem e honestidade exemplares, etc.) e por eu ter sido educado para honrar e respeitar os próprios pais. 

Meu respeito e gratidão aos abnegados profissionais dotados de empatia que tantos sacrifícios fazem e fizeram para salvarem tantas vidas (ou amenizarem as dores dos que sofrem), principalmente àqueles e àquelas que enfrentaram e enfrentam os riscos na linha de frente do difícil combate a essa terrível pandemia - sem os mínimos recursos necessários, muitos perdendo a vida ou ficando sequelados (pela omissão do governo federal negacionista e desqualificado, descaso e/ou desonestidade de vários maus "empresários da saúde", péssimos gestores e pela ignorância de parte da população desobediente às recomendações sanitárias que seguem o mau exemplo do presidente da República e de seus bajuladores). 

Agradeço também aos médicos que cuidam ou cuidaram de mim - dos meus olhos, do meu câncer, dos meus pulmões e do meu coração. Todos com muita competência e carinho, uns pelo SUS e outros gratuitamente, por amizade. 

Que Deus abençoe a todos! 


Na imagem: O "Banner" para a solenidade na Academia Paraibana de Medicina (da qual foi membro), em 26 de março de 2015, com a foto de sua formatura na Faculdade de Medicina da Bahia, em 1939. 


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sexta-feira, 8 de outubro de 2021

PESTE, FOGO E CRIMES NA TERRA BRASILIS

 BRASÍLIA EM CHAMAS: ARTE E PREMONIÇÃO


Brasília ainda está em chamas e o fogaréu espalhou-se por todo o país; mas o calor e a luz do fogo despertarão e iluminarão a Themis - livrando-a da escuridão para que enfim salve a nossa Nação das garras ignóbeis da barbárie e da ignorância do obscurantismo dessa escória que reúne o que há de pior e mais repugnante no Brasil.

Que a honradez e a valentia do nosso povo, do brasileiro comum, trabalhador e desbravador - aqui representado na belíssima escultura "Os Guerreiros", mais conhecida como Os Candangos, de Bruno Giorgi - consigam reconstruir essa Nação, que, mesmo estando em chamas, enfrentando com dificuldade uma terrível peste e comandada por um governo desqualificado e cruel, conta com a esperança da Phoenix e das Asas Brancas, apoiada pelo braço justo e forte da Themis. Que as chamas exterminem as pragas atuais e afastem as novas que lá pretendam se instalar, iluminando a cena para a Themis sair da escuridão e agir...

A obra em andamento, na tranquilidade da caverna...

Brasília ainda "está em chamas" e o "fogaréu" espalhou-se por todo o país. Mas o calor e a luz do fogo despertarão e iluminarão a Themis - livrando-a da escuridão para que enfim salve a nossa Nação das garras ignóbeis e perversas da barbárie e da ignorância do obscurantismo da escória fanática que representa e reune o que há de pior e mais repugnante no Brasil - quiçá da humanidade.

Urge providências para a preservação da democracia, das nossas Instituições, constantemente ameaçadas por uma gente cruel e inescrupulosa que pretende transformar nosso país em um feudo, em uma tirania nazifascista armada com a conivência de maus militares, de milicianos - liderados por esse péssimo inquilino do palácio do planalto.

As Instituições são garantidas e garantidoras da Constituição - fundamento de uma democracia - e devem continuar fortes; sem elas, é a anarquia geral, o caos e a consequente instalação de regimes de orientação nazifascista - desejo de muita gente ruim que desconhece ou finge ignorar o mal terrível que essas políticas tiranas causaram à humanidade na segunda guerra mundial (as mortes de civis totalizaram 50 a 55 milhões; as mortes militares de todas as causas totalizaram 21 a 25 milhões, incluindo mortes em cativeiro de cerca de 5 milhões de prisioneiros de guerra; 6 milhões de judeus civis torturados e assassinados, nas cidades e em campos de concentração). O defeito não está nas Instituições nem no nosso sistema eleitoral: quem não presta é a maioria de candidatos eleitos e os seus eleitores oportunistas e/ou idiotas. 

Quem precisa mudar é o eleitor, escolhendo melhor e deixando de eleger patifes e desqualificados - estes sendo impedidos de se candidatarem por uma lei eleitoral mais rigorosa e aqueles tendo seus títulos cassados através de um recenseamento com testes psicotécnicos rigorosos que excluam psicopatas e idiotas - tanto como eleitores quanto como candidatos (1).

A pintura é de 2014, mas "o incêndio" continua...
Na imagem: Pintura de Bruno Steinbach: "Brasília em Chamas". Painel em acrílica/tela, medindo 150 x 250 cm.13 de outubro de 2014, Parahyba, Brasil. Encomenda de Inaldo Leitão, Brasília - DF.

Veja o vídeo com o andamento da obra:


O CRETINO, DEMOCRACIA, VOTOS E OS IDIOTAS

(1) Está na hora de idiotas voltarem ao seu histórico e milenar lugar: a passiva e anônima insignificância. O ideal para uma democracia saudável seria um recadastramento eleitoral (para eleitores e para candidatos - estes sendo submetidos a critérios rigorosos antes de terem suas candidaturas homologadas pela justiça eleitoral), com um teste psicotécnico sutil e muitíssimo bem elaborado para "identificar" todo tipo de idiotas e cretinos - terraplanistas, negacionistas, obscurantistas religiosos fanáticos, misóginos, homofóbicos, racistas, fascistas, cafajestes... e sociopatas violentos, brucutus truculentos que não evoluíram, ficando no estágio da barbárie (estes devem ser mantidos sob controle rígido para a preservação de todos)... enfim, toda essa escória a quem a internet deu voz, que teriam seus títulos eleitorais cassados... pois idiota votando ou sendo eleito só faz merda (como essa que estamos vivendo agora). 

Há também aqueles idiotas cretinos com conhecimento e coleção de títulos bem expostos - alguns emolduram e dependuram na parede... mas esses idiotas esnobes são minoria, e por serem esnobes não se misturam com a plebe rude. Os idiotas votam em cretinos - aqueles canalhas espertalhões que se passam por idiotas para terem os seus votos. 

Quanto aos ministros do STF (que são colocados lá por presidentes da República) tenho a opinião que deveriam ser eleitos por membros do próprio Poder Judiciário - que escolheria criteriosamente os candidatos entre os desembargadores já próximos da aposentadoria, de notável saber e biografia ilibada, oriundos da magistratura por um período não superior ao de um Senador da República - que deveria ter o mandato reduzido a 5 anos (como também o do Presidente da República, deputados federais e estaduais, prefeitos e vereadores - em uma única eleição). Semelhante procedimento para a escolha do Procurador Geral da República, escolhido entre os membros do Ministério Público e eleito por seus pares - quando então seriam aposentados; para a Advocacia Geral da União, aí sim o presidente escolheria obrigatoriamente de uma lista tríplice de advogados militantes formulada pela OAB. Tudo isso dificultaria apadrinhamentos e etc.

Ou tomamos de volta as rédeas da Nação ou voltaremos aos obscuros tempos da barbárie.


O IDIOTA NA ÓTICA DE NELSON RODRIGUES


Fiz uma "mistureba" de vários textos originais para encurtar um pouco, mantendo as mesmas palavras e o mesmo contexto:

"A maior desgraça da democracia é que ela traz à tona a força numérica dos idiotas, que são a maioria da humanidade. O próprio líder deixou de ser uma seleção. Hoje, os cretinos exigem a liderança de outro cretino... e elegem até presidentes".

"Até o século XIX, o idiota era apenas o idiota e como tal se comportava. E o primeiro a saber-se idiota era o próprio idiota. Não tinha ilusões. Julgando-se um inepto nato e hereditário, jamais se atreveu a mover uma palha, ou tirar uma cadeira do lugar. Em 50, 100 ou 200 mil anos, nunca um idiota ousou questionar os valores da vida. Simplesmente, não pensava. Os ‘melhores’ pensavam por ele, sentiam por ele, decidiam por ele... No passado, eram os “melhores” que faziam os usos, os costumes, os valores, as ideias, os sentimentos etc. etc. 

Perguntará alguém: “E que fazia o idiota?” Resposta: fazia filhos. Mas vejam: o idiota como tal se comportava. Sim, na rua, passava rente às paredes, gaguejante de humildade. Sabia-se idiota e estava ciente da própria inépcia. Só os “melhores” sentiam, pensavam, e só eles tinham as grandes esposas, as lindas amantes e “os mais belos interiores” para Manchete fotografar. E quando um deles morria, logo os idiotas tratavam de chorar, velar e florir o gênio. 

E, de repente, tudo mudou. Após milênios de passividade abjeta, o idiota descobriu a própria superioridade numérica. Multidões, jamais concebidas, começaram a rosnar. Estes descobriram que são em maior número e sentiram a embriaguez da onipotência numérica. E, então, aquele sujeito que, há 500 mil anos, limitava-se a babar na gravata, passou a existir socialmente, economicamente, politicamente, culturalmente etc. Houve, em toda parte, a explosão triunfal dos idiotas. Os “melhores” se juntaram em pequenas minorias, acuadas, batidas, apavoradas. O imbecil, que falava baixinho, passou a esbravejar; ele, que apenas fazia filhos, deu para pensar. Pela primeira vez, o idiota é artista plástico, é cientista, sociólogo, romancista, cineasta, dramaturgo, prêmio Nobel, sacerdote. Aprende, sabe, ensina. 

Em nossa época, ninguém faz nada, ninguém é nada, sem o apoio dos cretinos de ambos os sexos. Sem esse apoio, o sujeito não existe, simplesmente não existe. E, para sobreviver, o intelectual, o santo ou o herói precisa de fingir-se idiota.

A maior desgraça da democracia é que ela traz à tona a força numérica dos idiotas, que são a maioria da humanidade. O próprio líder deixou de ser uma seleção. Hoje, os cretinos exigem a liderança de outro cretino.

Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos."

(Nelson Rodrigues)

Nota de rodapé:

Não me refiro ao tipo de idiota como o personagem Lev Nikolayevich Mishkin, o protagonista da história do genial escritor Fyodor Dostoievski, que era considerado um tolo por ser uma pessoa pura, boa, honesta, simpática e agradável. 
Me refiro aqui ao idiota no sentido coloquial atual do termo - sujeito imbecil, ignorante, medíocre, obscuro, vulgar... ou cretino, cafajeste, canalha (o sujeito pode ser um idiota cretino e não ser ignorante, podendo até ter vários títulos - conheço muitos). E há nessa subespécie também os sociopatas, violentos brucutus que não evoluíram, ficando no estágio da barbárie (estes devem ser mantidos sob controle rígido para a preservação de todos)... e os falsos cristãos que lotam as igrejas e templos (com raríssimas exceções) sem seguirem uma linha do que Jesus pregava e fazia - e certamente o chamariam de "esquerdopata" se fossem seus contemporâneos, pois entre outras coisas, como chicotear os mercadores no templo, Ele disse: "É mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha que um rico entrar no Reino do Céu".


MINHA HISTÓRIA EM POUCAS LINHAS 


Perdi a minha mãe com 6 anos de idade, quase 7. Um dia, com 16 anos, apesar de nunca ter sido reprovado na escola, não me enquadrava na rígida disciplina do velho Isaias, meu pai... me revoltei e fui morar escondido numa boate próxima de onde veraneávamos e que os empregados eram meus amigos. Nunca comi tanto camarão à romana, arroz à grega, purê e batatas fritas - as sobras das mesas - como nessa época... (tudo devidamente "reciclado" pelo cozinheiro chefe Zé e acompanhados por Campari ou "Hi-Fi"). Mas tinha que esperar a boate fechar para poder comer e dormir - e "dar no pé logo cedo". Era no antigo "Marisco", à beira-mar da praia do Cabo Branco. 
Não reclamei...

Dias depois, informada pelo porteiro do edifício, a família descobriu onde eu estava e me colocou para morar com minha irmã mais velha, onde fui muito bem recebido...
Eram os anos de chumbo da ditadura cívico-militar, mas não me atingiram diretamente pois a família era influente. Mas convivi com artistas e intelectuais o suficiente para saber dos absurdos que eram cometidos pelo regime. 
Protestei, mas não reclamei...

Aos 17 anos de idade, já havia feito o exame vestibular e fui dispensado do serviço militar (NPOR) por excesso de contingente; em 1976 o serviço militar era obrigatório e muito rigoroso. Orientado por um sargento amigo que entendeu os meus motivos para não querer servir ao exército à época, depois de muita insistência minha para encontrar uma maneira de escapar da desagradável "missão", fui encaminhado com a sua ajuda para fazer os exames para o NPOR - pois preenchia os requisitos para aspirante a oficial (fiz o primeiro vestibular com 17 anos de idade). Ele me disse que eu deveria ser reprovado na prova escrita de conhecimentos gerais... nesse meio tempo, a tropa de recrutas "zero" (soldados rasos) já estaria formada e eu seria então dispensado por excesso de contingente. Assim eu procedi: fui aprovado nos rigorosos testes de aptidão física, no psicotécnico (incluindo questões de geometria espacial) mas propositadamente fiz uma péssima prova de conhecimentos gerais (o que gerou um comentário maldoso de um capitão, ironizando sobre o fato de ser aprovado no vestibular e cometer erros tão crassos nas provas dali), sendo enfim dispensado por excesso de contingente, pois a "tropa" de recrutas já estava selecionada (cronogramas diferentes) como me dissera o sargento - e assim, com esse estratagema, escapei de virar milico de ditadura.
Comecei a trabalhar como vendedor de seguros sem vínculo empregatício, por comissão. Foi quando me envolvi "com gente que não presta" - segundo eles - e deu problema; um irmão pegou uns baseados de maconha na minha pasta que usava no trabalho como vendedor de seguros... Quase me crucificaram, mandaram que eu saísse do emprego, foram lá, um ba-fá-fá da moléstia... mas não reclamei...

Aí, de um pinote, resolvi morar numa pensão. Morando só e trabalhando - dava aulas de Educação Artística em dois colégios (à época não existia o curso universitário da disciplina e qualquer artista podia dar essas aulas. Como era menor de idade, era uma coisa meio informal - vendia apostilas para os alunos, rodadas em mimiógrafos, nos horários vagos, com autorização da generosíssima diretora, pois não podia receber salário que o colégio era Estadual e eu não tinha idade nem vínculo - enquanto aguardávamos autorização do governo, que não veio e tive que deixar o "emprego". Logo depois fui trabalhar como "boy" na clínica de um irmão médico (aí já tinha 18 anos e carteira profissional assinada). E ainda estudava na UFPB, no curso de Licenciatura Plena em Letras. 
Com apenas 19 anos terminei casando - a maior merda que fiz, pois abri mão de uma bolsa em Connecticut (USA) para ficar aqui e casar. Passei em um concurso público e fui trabalhar no Conselho Estadual de Cultura, como bibliotecário - ou assessor de pôrra nenhuma. O casamento durou pouco, não deu certo, apesar da maravilha de filha que brotou dessa besteira. Abandonei a merda de emprego e estava vivendo apenas de pintura e a coisa não foi fácil: era como vender capim pra macaco e banana pra burro. A mulher foi embora para a França e eu comi tudo que era mulher que aparecia na minha frente. Casei novamente várias vezes, tive outros filhos, enviuvei... ganhei dinheiro e aproveitei a vida que a minha juventude me proporcionava. 
Não reclamei...

Preso em flagrante, fui solto no mesmo dia por "habeas corpus" e fiquei respondendo um tumultuado processo - atacado diariamente por matérias pagas nos veículos de informação locais, o que motivou a decretação da minha prisão preventiva. Dei nos calos e passei 8 meses escondido numa praia quase deserta do Rio Grande do Norte e depois numa fazenda perto de Campina Grande... até a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Paraíba me conceder um "Habeas Corpus" preventivo, quando então me apresentei para responder pelos meus atos. Poderia ter ido embora para a Alemanha, no período em que estive "na sombra" - lá eu estaria seguro legalmente e jamais seria extraditado, pois meu avô materno era alemão; mas, em comum acordo com a minha família - que me garantiu segurança em caso de prisão e a defesa legal, resolvi enfrentar a situação. Na segunda audiência fui enviado por um juiz auxiliar para a prisão, contrariando o habeas corpus preventivo concedido pelos desembargadores, antes do julgamento, sob a alegação de "comoção pública", pois havia à época uma "cruzada contra a violência", movimento de familiares e abelhudos para desengavetar processos criminais - cujos alvos "reais" eram outros criminosos, ricos e influentes... mas eu fui um bom "bode expiatório" (os outros nunca foram nem a julgamento, até hoje). Em 1989 fui a juri popular e condenado a 28 anos de prisão, pois a tese da legítima defesa não fora considerada no único juri a que fui submetido, quando deveria ter ido a novo julgamento - mas já estava condenado pela mídia venal.
E ainda assim não reclamei...

Lutei pelos meus direitos e consegui cumprir a pena sendo respeitado por presos e carcereiros. Nunca sofri abusos nem maus tratos, além dos usuais: péssimas instalações, superpopulação carcerária, convivência forçada com vizinhos da pior espécie e um serviço de saúde e alimentação péssimos... a que sobrevivi com o mínimo de dignidade, trabalhando e colocando presos para trabalharem em um atelier que montei com recursos de amigos (nada do Estado nem da "Justiça", que só colocavam dificuldades, chamando de mordomia, pois tinha geladeira, televisão, "morava" só e minha comida vinha de fora, trazida pela companheira na época, todos os dias... uma heroína). Mas errei... tinha que pagar pelo erro.
Então não reclamei...

Cumpri parte da pena em regime fechado no Presídio do Róger, sendo 6 meses no Presídio de Segurança Máxima como castigo por fazer críticas à Vara das Execuções penais e ao sistema penitenciário, aqui em João Pessoa-PB. Então consegui, com muito esforço, a progressão para o regime semi-aberto e a transferência para o presídio agrícola de Mossoró-RN, conseguindo o trabalho externo no meu atelier e o livramento condicional. Naquela cidade, fui tratado com respeito e carinho por todos com quem convivi: autoridades, parentes, jornalistas e amigos - que me ajudaram a fazer uma grande exposição no Museu Municipal de Mossoró e depois na Capitania das Artes, em Natal (Nômades Amantes do Tempo). Em 2000 me foi concedido pelo juíz competente com o aval favorável do Ministério Público o indulto por cumprimento da pena, baseado em decreto do Presidente Fernando Henrique Cardoso - quase dez anos depois de preso.
Claro que não reclamei...

Aí veio o câncer (castigo, será?). Enfrentei com um Anjo médico amigo e estamos vencendo... e não reclamei...

Aí os anos passaram, envelheci, sem dever nada a ninguém e também sem amealhar nenhuma riqueza material - nada... . Meu único tesouro que consegui foi a memória de uma vida mutíssimo intensa e honesta, filhos e netas maravilhosos e um corpo de obra de mais de 500 pinturas, desenhos e gravuras espalhadas em coleções particulares e em acervos importantes - além de suas imagens estarem disponíveis gratuitamente na internet para qualquer pessoa do mundo inteiro, através dos nossos muitíssimo bem elaborados sítios virtuais. Abaixo, o principal deles, ponto de partida para tudo que fiz em quase meio século de atividade artística, para quem quiser dar uma espiada:
https://brunosteinbach.blogspot.com/
Então, como não estamos no céu, continuei sem reclamar...

Mas agora não dá mais para ficar sem reclamar, diante da ameaça de extinção que todos estamos passíveis com esse bufão desequilibrado entregando de bandeja a Amazônia e o pré-sal para gente muito ruim e gananciosa. Me dá nojo ver esse desgoverno cretino fazer vista grossa para as queimadas na Amazônia e no Pantanal matogrossense,  à serviço dos latifundiários, grandes mineradores, da especulação imobiliária, de interesses econômicos predadores de todo tipo... Ver o Palácio do Planalto ocupado por essa gente hipócrita e inculta, que odeia artistas e cultura, orientada por uma porcaria de guru picareta mau-caráter, apoiada pelo que há de pior e de mais obscurantista na nossa sociedade... é demais! Talvez eu tenha sobrevivido a tudo isso para reclamar desse sacana que os idiotas e os oportunistas colocaram no poder, gente que apoia sua agenda social reacionária: fundamentalistas evangélicos, racistas, homofóbicos e fãs da ditadura. Talvez eu possa juntar a minha pequena voz à de todos os descontentes e quiçá consigamos formar um grande coral contra esses ignóbeis - o que me lembra a fábula do beija-flor tentando apagar o incêndio da floresta carregando gotículas no bico, fazendo a sua parte, enquanto o bicho preguiça zombava...

Agora RECLAMO desse Brasil de idiotas negacionistas dominado por cretinos e liderado por um presidente malvado, tosco, ignorante, hipócrita, sacana, miliciano e mentiroso que desejo com todas as forças que volte para as profundezas do inferno de onde nunca deveria ter saído. Se existe um anticristo, é o capetão Bozo - treinado pelo marqueteiro do diabo chamado "Steve" Bannon e pelo guru de meia-tigela lá da Virgínia - que pregam fascismo e eugenia. Reclamo desse Brasil que odeia arte e nega a Ciência e a História... desse país de idiotas ignorantes  que a internet deu voz.

Mas o castigo virá a cavalo.

Como diz o verso de Augusto dos Anjos:
"Que o meu grito seja a revelação desse infinito que trago encarcerado em minh'alma"