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sábado, 13 de junho de 2020

A VITALINA E O SANTO


Hoje é o dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro. 
Como estou em isolamento voluntário e a namorada está longe, estou seguro. Sou devoto mesmo é de São Francisco e de Santa Dulce dos Pobres (a Santa que era amiga da minha mãe). Mas, me atrevi a escrever um pequeno conto ou crônica, inspirado nos "causos" populares. Tomara que gostem e que o Santo funcione para quem precisa!


A VITALINA E O SANTO 
A crônica de um fim anunciado 
A estória da moça veia que jogou Santo Antônio pela janela

I

O COMEÇO DO FIM 

   Era o dia de Santo Antônio, o Santo casamenteiro. 
Vitalina estava olhando tristemente para a estatueta de madeira pintada do seu Santo de devoção, instalada desde sempre no pequeno nicho na grossa parede, acima do oratório, um aparador barroco, num canto da saleta do antigo casarão colonial da linda e pacata cidade serrana do interior da Paraíba. 
   
Estava amargurada e frustrada; há muito tempo, todos os anos, rezava e fazia promessas para o Santo lhe conseguir um marido... e nada! Já estava honrando o nome de batismo, insensatez cometida pela sua mãe para pagar uma promessa que fizera se conseguisse casar. Ela não era uma mulher bonita, mas também não era das mais feias e a família tinha posses – o que facilitaria um bom dote para atrair um noivo. “Parece uma praga”, pensou a moça velha. Então, num ímpeto, pegou a escultura do Santo e correu para o enorme janelão que dava para a calçada da rua enladeirada e pouco movimentada, por onde o jogou com força e raiva, aos gritos: 
   - Nunca mais acredito em Santo do pau oco! 

II

SUBINDO A LADEIRA 

  Celibatário parou na escadaria da igreja na praça principal, desistindo de entrar. Iria fazer uma oração para Santo Antônio, como fazia todos os anos, esperançoso que um milagre lhe arranjasse uma esposa. 
   - “Pôrra! Esse santo do pau oco não faz nada por mim!” – pensou em voz alta, se lastimando pelo nome com que lhe batizaram. Deu meia volta e resolveu ir almoçar. 

  Ele tinha um pequeno escritório de contabilidade na cidade, instalado na própria residência, que lhe garantia modestamente o sustento. Ele era um sujeito magro, acanhado, sem nenhum atrativo físico; donzelo solitário, morava sozinho; metódico, sem vícios. 

  Sua vida se resumia ao trabalho e às missas domingueiras; saia apenas para tratar de assuntos do seu monótono cotidiano, para o café da manhã na padaria, idas eventuais ao único banco do lugar e para subir a ladeira que levava ao pequeno restaurante caseiro de Dona Lia, onde almoçava e jantava quase todos os dias e também onde encomendava marmitas entregues a domicílio. Estava fazendo frio e ele estava de casaco e chapéu. 
   
  Celibatário estava subindo a ladeira e viu umas pichações #ForaBolsonaro no muro alto ao lado da casa do coronel Cornélio e pensou como o pais estava se transformando numa merda, idiotas no comando, desdenhando do conhecimento e opinando sobre tudo e acima de todos... 

  Estava matutando sobre essas coisas, passando pelo casarão da solteirona Vitalina, quando um santo de madeira voando pela janela acertou bem no meio da sua testa, derrubando-o no chão. 

III

O FIM DO COMEÇO 

   Vitalina ouviu um grito de homem e debruçou-se na janela para espiar o que acontecera. 

   Assustada, viu que havia acertado o santinho na cabeça do homem, por onde escorria um filete de sangue. 
   
Chamou a mãe, Dona Edivirgem, e correram para acudir o infeliz. Com esforço, colocaram-no dentro da casa, no sofá da sala de visitas. Dona Edivirgem foi buscar a maletinha de farmácia e fizeram um curativo no pequeno ferimento do homem, que estava acordando. 
   - O que houve? Onde estou? - perguntou, passando a mão no curativo do lado da testa. 

  As duas se entreolharam e resolveram contar a verdade. Se desculparam e todos acharam graça. Convidaram o moço velho para almoçar e o instalaram no quarto de hóspedes. A mãe foi para a cozinha dar as ordens para o almoço e Vitalina ficou no quarto com Celibatário, acomodando o hóspede na cama, sentados lado a lado.

 Acharam estranho nunca haverem se encontrado numa cidade tão pequena, onde todos se conheciam. Se olharam longamente quando a coxa dela escostou na perna dele, causando arrepios e tremores libidinosos em ambos; ela sentiu a calcinha ficando molhada e olhou para o volume crescente entre as pernas do homem, que teve uma ereção jamais acontecida...então  o milagre aconteceu! 

  Estavam tão ansiosos, excitados e cheios de tesão guardada que se abraçaram e fizeram amor ali mesmo, sofregamente, entre cheiros, sabores, gemidos e sussurros abafados de prazer e gozo, em um demorado vai e vem gostoso e frenético de sensações alucinantes, quando foderam pela primeira vez na vida. 

  Se a mãe viu ou ouviu, fez que não viu nem ouviu... demorou para chamar o casal para almoçar... O pai estava na fazenda e foi o último a saber... 
   
Estão casados até hoje, com uma penca de filhos correndo pelo quintal do casarão. Atirou o Santo e acertou no milagre. 

É... O Santo também escreve certo por linhas tortas.

Bruno Steinbach. "Anjos Caídos". 
Acrílica/tecido preparado (estandarte), 100 x 140 cm, 1995, Mossoró, RN, Brasil.