Atualizado em 18/09/2024, 21:10hs
Veja a atualização no final
SOS: QUEM TEM DOR TEM PRESSA!
SETEMBRO SERÁ A SOLUÇÃO?
Um domingo não é o dia mais adequado para esse tipo de "post" - mas a dor não escolhe dia nem hora e talvez seja o dia em que os que têm a solução possam ler, refletir e tomar uma atitude.
De minha parte, continuarei insistentemente publicando isso aqui até ver com o olho aberto o problema do outro (o cego) resolvido.
Fazendo jus ao termo "paciente", estou nessa fila da esperança desde abril de 2024. São inúmeras idas e vindas, esperas intermináveis, filas enormes, uma burocracia usando ferramentas do século passado, alguns médicos que chegam horas atrasados, sem a mínima empatia ou noção do que é anamnese (ainda bem que estes são a minoria). A entrada no ambulatório do HU começa às 7:00hs, o que significa que quem chegar depois das 6:hs vai pegar uma fila enorme; quando finalmente se consegue ultrapassar duas ou três "barreiras burocráticas", já no corredor dos consultórios do departamento de oftalmologia no sexto andar, a espera é grande (já houve ocasião da médica chegar às 11:30 hs, horário em que eu fui atendido em breve consulta apesar de ser o primeiro da lista e estar lá dentro desde às 7 horas). Mandado para casa, com mais um papel de encaminhamento para novos exames e outra consulta com a oftalmologista anterior do ambulatório de plástica ocular, fico esperando por mais um chamado da "regulação" do Hospital Universitário da UFPB para esses novos exames/consultas e, enfim, talvez, marcar a cirurgia de retirada do olho direito - que me causa tanta dor constante - e a colocação de uma prótese.
Sei que a demanda é enorme e por isso são muitas as dificuldades para conseguimos atendimento, O que é compreensível e temos que ter paciência - o agendamento das consultas de exames e demais procedimentos é realizado pela regulação do SUS que recebe o encaminhamento do HU e depois encaminha de volta para a regulação/marcação interna do hospital, com a data e horário para o atendimento. Mas urge melhorias na comunicação entre o paciente e o departamento de regulação/marcação do HU, que atualmente é feito através de um ou dois telefonemas brevíssimos e se o paciente não atender perde o agendamento - o que gera uma ansiedade terrível, pois temos que ficar "vigiando" o celular à espera dessa ligação que pode acontecer a qualquer tempo... e sempre ficamos sem saber se perdemos a ligação ou se ainda não foi efetuada. Enfim, e o que é pior, não há como a gente tirar essa dúvida, pois não atendem aos nossos telefonemas no departamento de regulação/marcação do HU. Esse problema de comunicação seria facilmente resolvido através de e-mails, WhatsApp (hoje todo mundo tem um celular com acesso ao WhatsApp) e com um funcionário que atendesse as ligações e fornecesse as informações pertinentes ao agendamento - simples assim. E mais gentileza! Gentileza gera gentileza e não custa nada...
Mas sou resiliente, insistente e persistente; Vou continuar me manifestando até o meu problema ser resolvido.
O lado bom que fortalece a esperança é saber da excelência dos profissionais de saúde que compõem o Hospital Universitário Lauro Wanderley (o que compensa a espera) e podermos contar com o atencioso e competente atendimento da Ouvidoria daquela Instituição (onde sempre esclareço as minhas dúvidas).
E olha que sou filho, irmão e tio dos melhores médicos que a Paraíba já teve. Meu pai foi um dos fundadores do Hospital Universitário e professor titular de otorrinolaringologia da UFPB. Meu irmão Carlos Augusto Steinbach Silva foi o primeiro médico paraibano a ter um doutorado, através de concurso também foi professor de otorrinolaringologia e médico do HU também na UFPB, no que foi seguido pelos meus dois sobrinhos filhos dele. Imaginem a situação daqueles pobres coitados ilustres desconhecidos que necessitam dos serviços da saúde pública...
O problema começou em 1991 com a primeira cirurgia (exérese de pterígio), agravando-se com várias recidivas. Depois de passar por todo tipo de tratamento e cirurgias em nobres mãos de excelentes oftalmologistas da Paraíba e do Rio Grande do Norte, a doença evoluiu para uma neoplasia que culminou com necrose na quase totalidade da parte anterior do olho direito, afetando a conjuntiva, a esclera, parte da córnea e do cristalino.
Afinal, cego de um olho e com muita dor, estou no último degrau que é a fila da esperança... Esperança de não "ver" mais a dor.
Acredito que Santa Luzia e Santa Dulce (a Santa baiana soteropolitana conterrânea, contemporânea e amiga da minha mãe) darão uma forcinha, para que venham os chamados e a medicina resolva este meu problema. O importante é me livrar dessa dor, mesmo ficando caolho - Camões tinha um olho só, Lampião tinha um olho só e o grande herói de Israel Moshe Dayan tinha um olho só...😉
CAOLHOS
Me ocorreu incluir no grupo de caolhos que coloquei no texto - Camões, Lampião e Moshe Dayan - o nome de outro "caolho" ilustre (que apesar de ter os dois olhos, "o olho aberto via para fora e o olho cego via para dentro") um genial poeta contemporâneo da Paraíba que inclusive fez um maravilhoso poema com dois dos caolhos acima citados (Camões e Lampião), mas por discrição resolvi omitir o seu nome - mas tomo a liberdade de transcrever seu poema abaixo (e quem quiser descobrir quem é o genial poeta que pesquise):
camões
no ~ do teu nome
a lembrança
do encapelado
mar
da ocidental praia lusitana
*****************************************
camões/lampião
a Gilberto Mendonça Teles e Temístocles Linhares*
camões ao habitar-se
no olho cego
sentia-se íntimo,
mais interno,
do que ao habitar-se
no olho aberto.
lampião ao habitar-se
nos dois olhos
a eles dividia:
o olho aberto matava
e o outro se arrependia.
camões ao habitar-se
no olho cego
polia as palavras
e usava-as absorto
como se apalpasse
e possuísse o próprio corpo.
camões ao habitar-se
no olho cego
chorava os mortos
do seu interno,
mas o olho aberto
era casto
e via no matar
um gesto beato.
camões ao habitar-se
no olho aberto
via-se todo ao inverso
(pelo lado de fora)
mas rápido se devolvia
e fechava o olho aberto
pra ser total a miopia.
lampião ao habitar-se
no olho murcho
via o olho aberto
estrábico e rústico
e compreendia
o olho aberto
mais murcho
que o olho cego.
camões ao habitar-se
no olho murcho
via o mundo claro
dentro do escuro
e o olho aberto
era inútil
ao habitar-se
no olho murcho.
lampião
atrás dos óculos
sentia-se acrescido, somado,
e era mais lampião
naqueles óculos de aro.
os óculos
lhe eram binóculos
íntimos sobre a miopia
e quando os óculos tirava
lampião se decrescia:
o oho cego somava
e o aberto diminuía.
camões molhava a pena
como se no tinteiro
molhasse o olho cego
e tateando, cuidadoso,
saía do seu interno.
(no tinteiro as palavras
em forma líquida
juntam-se uma a uma
à retina, à pupila).
camões
escrevia com o olho cego
por senti-lo mais seu
do que o olho aberto
e por poder o olho cego
infiltrar-se, ir mais dentro
e externar o seu inverso.
*****************************
O primeiro poema, camões, pertence ao livro Brando fogo das palavras, capa e ilustrações de Flávio Tavares, Editora Patuá, ainda a ser lançado. O segundo, camões/lampião, pertence ao livro A Ilha na ostra (capa de Flávio Tavares), Edições Sanhauá, 1970.
(Sérgio de Castro Pinto)
Atualização
em 18/09/2024
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